Moralogia é uma ciência humana integral que analisa todos os campos do homem, da sociedade e da natureza, sob o ponto de vista da moralidade, contendo indicações úteis para a realização da felicidade das pessoas e da paz na sociedade.
A Moralogia teve origem nas difíceis circunstâncias vividas pelo jurista Chikuro Hiroike (1866-1938, Japão), em decorrência de grave enfermidade que o acometeu em 1912, logo após conquistar o grau de Doutor em Direito pela Universidade Imperial de Tóquio. Hiroike preocupou-se especialmente com o distanciamento entre a evolução espiritual e o desenvolvimento científico e tecnológico, resultando numa sociedade cada vez mais materialista e sistemas educacionais baseados também em valores meramente materiais.
Mesmo com a saúde debilitada, resolveu dedicar-se inteiramente ao estudo das ciências humanas e sociais. E, após anos de sacrifício, concluiu em 1926 a obra Tratado da Ciência da Moral. Como subtítulo, Hiroike ainda acrescentou: “A primeira tentativa para estabelecer a Moralogia como uma nova ciência”.
O termo Moralogia deriva da palavra latina, mores, plural de mos, que significa “moral” e o sufixo que vem da palavra grega loggia, significando “ciência”. A palavra portuguesa “moral” vem do latim morales, que é um adjetivo derivado de mos, que foi substantivado em português. Algumas pessoas no Ocidente podem julgar estranha esta combinação de elemento latino e de elemento grego loggia porque geralmente ambos os elementos derivam do grego quando são usados para indicar “ciência” como, por exemplo, antropologia, biologia, psicologia, etc. Hiroike conhecia esta regra, mas chamou a atenção para algumas exceções como mineralogia e sociologia.
Os princípios que norteiam a Moralogia têm origem principalmente nos ensinamentos dos Grandes Mestres da Humanidade: Jesus Cristo, Buda, Confúcio e Sócrates.
As pesquisas de Chikuro Hiroike visaram demonstrar que as práticas morais promovem o aperfeiçoamento do caráter e resultam na conquista do verdadeiro bem-estar e de uma felicidade duradoura.
Moralogia é uma ciência formulada para difundir a importância da elevação do caráter e promover as práticas morais para o aprimoramento interior. Para isso, são cinco os princípios básicos estabelecidos por Hiroike:
(a) Renunciar ao egoísmo. Apego, ganância, arrogância, orgulho, teimosia, impertinência, ódio, ira, falsa modéstia, mágoas, frustração, depressão, ciúme, inveja, discriminação etc. são exemplos de egoísmo, na Moralogia, e devemos aprender a controlá-los. São sementes da infelicidade.
(b) Cultivar o sentimento de amor/benevolência. São exemplos de amor/benevolência: o respeito ao ser humano; o amor imparcial; o amor incondicional dos pais, em sempre orar pelo crescimento dos filhos; o espírito construtivo em todas as coisas; o espírito de compartilhar com outrem os frutos de seus sacrifícios; o sentimento de proporcionar satisfação e tranquilidade a outros; e o espírito de auto-reflexão, em todas as circunstâncias. Devemos ter como meta alcançar o estado interior de plena benevolência.
(c) Cumprir primeiro com o dever. Há uma excessiva reivindicação de direitos sem a devida contrapartida em termos de cumprimento de deveres. Para a conquista de uma verdadeira paz, tranquilidade e felicidade devemos primeiramente cumprir com o “dever de natureza moral”. Por exemplo, as heranças culturais e os benefícios e legados que hoje desfrutamos são frutos de sacrifícios incalculáveis dos nossos antecessores, ao longo da história da humanidade. Esses legados representam os “passivos morais” de cada um e temos o “dever moral” de reduzir esses passivos. E também, frequentemente – conscientes ou não – nós ferimos os sentimentos alheios com críticas, censuras e cobranças baseados no egocentrismo particular. Temos também o “dever moral” de reparar esses erros. A precedência do dever é o cumprimento voluntário desses “deveres morais” baseado na conscientização dos respectivos passivos morais.
(d) Desenvolver o sentimento de gratidão e retribuição. A vida e a sociedade de hoje não surgiram por acaso. É fruto de uma sucessão de esforços e sacrifícios de uma série interminável de nossos antecessores em promover o desenvolvimento e o bem-estar da humanidade, e toda essa linhagem representa os nossos benfeitores. Essa série interminável de benfeitores – designada na moralogia de Ortolinos (1) – pode ser classificada em três categorias: da vida Familiar; da vida de uma Nação; e da vida Espiritual. Os benfeitores da vida Familiar são representados pela sucessão interminável de nossos antepassados. Os benfeitores da vida de uma Nação são representados pela sucessão dos dirigentes máximos da história de uma Nação, que em cada momento de sua história, assegurou a segurança, a ordem e a tranquilidade da vida de seus cidadãos. Os benfeitores da vida Espiritual são os Grandes Mestres da Humanidade e seus fiéis seguidores – admirados e respeitados até hoje, mesmo após milênios – e que se dedicaram de corpo e alma para a salvação dos homens. Devemos cultivar o sentimento de gratidão a essa linhagem de benfeitores e respeitá-los, sobretudo aos seus esforços morais. E temos o dever de retribuir, principalmente, aos nossos pais, que representam o último elo da interminável corrente que nos unem aos antepassados, proporcionando-lhes a plena tranquilidade interior.
(e) Desenvolvimento interior mútuo. Para aperfeiçoar o caráter, devemos praticar os ensinamentos da moral e esforçarmos para auxiliar as demais pessoas. O esforço moral é que eleva o caráter. Devemos cultivar um elevado caráter e acumular virtudes de forma a proporcionar influências positivas aos demais. A verdadeira benevolência nasce somente quando nos esforçamos para ajudar o próximo. A influência da personalidade é fruto de exemplo pessoal. A ajuda aos demais deve ser praticada com amor, bondade, perseverança, humildade e compreensão, e colocando-se sempre na situação dos outros. Devemos sempre irradiar o sentimento de amor e desejar o bem-estar e a felicidade do próximo. Mesmo em casos de dificuldades ou sofrimentos, não se deve dar vazão aos sentimentos de ódio, indignação ou insatisfação, pois estes conduzem à destruição e nunca à construção do caráter. A ajuda ao próximo é uma forma de aprimoramento mútuo do caráter e da personalidade.
(1) A palavra ortolino é uma criação de Chikuro Hiroike. Etimologicamente, ortolino é derivado do grego orthos significando “reto, correto” e do latim linon que significa “linha”. Hiroike utilizou esta palavra para representar a série de benfeitores comuns da humanidade.